segunda-feira, 14 de julho de 2008

A CAIXA DE MADEIRA

Diante da minha árvore da febre
Abro a velha caixa de madeira
A minha velha caixa de alucinações
Ouço passos seguros, cadenciados
Soltam-se os murmúrios das fontes
Águas de engrossar rios e mares
Dançam nos ventos tão diferentes
Palavras suaves de escrever e contar
Cetins verdes recobrem as margens
Voam poemas de vestir e sonhar
Máscaras escondem rostos de mulher
Moi-se massambala na casa do meio
Contam-se rios de muita água passada
Imaginam-se outros que hão-de chegar
Certos que na foz todos são de ir e voltar
Grandes manadas empoeiram o sol
Meninos homens na circunsição esperada
Os mais velhos matam os bois sagrados
Mulheres de fitas brancas nos cabelos
Velhos gaviões flutuam no ar quente
Girassóis amarelos ensaiam valsas lentas
No horizonte o chão estremece de calor
O grande vermelho entra no rio maior
Polvilhando de faúlhas os céus negros
Hora de dragões sobrevoarem as fogueiras
Libertam-se os lobos de todas as memórias
Sonhos de boiar na superfície da vida
Embrulham-se cambriquitos e juras de amor
No ritmo dos batuques há muito ensaiados
Até que os corpos se diluam na madrugada.

GED

3 comentários:

Alice Almeida disse...

Olá Henrique,
...passeando na net com um imbondeiro debaixo do braço (eu também carrego sempre o meu), encontro-te a cada "esquina". E, é tão bom encontrar um irmão, sorrindo que fala a mesma língua!
"O Henda i Xala"
Um beijo
Alice lameida

GED disse...

Olá Lindinha.
A Net tem destas coisas. Muitas esquinas, onde sempre encontramos amigos.
Aguardo ansiosamente por Outubro.
Beijos
Henrique

Alice Almeida disse...

Olá Henrique.
Conto lá estar para partilharmos sorrisos.
Beijinho
Alice