terça-feira, 20 de maio de 2008

À SOMBRA DA MULEMBA

Diante de mim
Uma estrada sem fim, rasga a planície
Asfalto negro, tremendo em alucinações escaldantes
Percorro-a sem parar
Até ver o dia escorrer lentamente, noite adentro.
Ao longe, uma fogueira cintilante
Debaixo de uma mulemba solitária
Chego tremendo de frio e sento-me.
Em redor, homens e mulheres conversando baixinho
Vieram de todas as partes
Ouviram falar desta fogueira mítica
Onde nascem histórias e canções e amizades
Relembram-se tchinganges, maravilhas e aparições
E os rios impetuosos e imbondeiros altivos
De repente, já não sinto frio
As estrelas brilham mais
A fogueira agiganta-se em milhões de faúlhas
Que sobem e se transformam em mais estrelas
Desapareceu o cansaço.
Aconchego-me, ponho o cambriquito nos ombros
E deixo-me levar finalmente
Pelos verdadeiros caminhos da minha vida.

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