terça-feira, 20 de maio de 2008

DANÇA LENTA

Esse dia acordou
Com uma estranha poeira no ar
Senti-a ainda embriagado de noite
Ensaiei uma dança lenta de acordar
Estremecendo paludismos interiores.
O campo de batalha da minha vida
Ainda não está... cicatrizado.
Sabia o que me esperava.
Relampagos lavrando a pele da terra
Escorrendo vermelha de lava
Pelos carreiros de chuva furiosa.
Depois, o sol escaldante no rosto
A solidão das planícies sem fim
Eu caminhando na berma da tarde
Um imbondeiro debaixo do braço.
Quis fugir desta agonia habitual
Desta alucinação que me consome
Mas permaneci quieto e vertical.
Pirilampos esvoaçaram em redor
Pousou um beija-flor no meu ombro
Lentamente foi-se atenuando a dor
Desta cicatriz que teima em abrir
Latejando quando menos espero
Vergando-me os alinhavos da alma.
Há tantos dias que acordam
Com uma estranha poeira no ar.
O campo de batalha da minha vida
Jamais...estará cicatrizado.

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