quinta-feira, 17 de abril de 2008

RUMO AO DESCONHECIDO

Partiam, sem conhecer os ventos
Carregando todas as esperanças e medos
Meses a fio cavalgando a espuma
Enfrentando Adamastores e tormentos
A força a fugir-lhes por entre os dedos
O escorbuto ceifando vidas, uma a uma.

Foram demais, os que a morte ceifou
Preço alto para este país tão pobre
Com mil anseios de outras paragens.
Vidas demasiadas que o oceano tragou
Para que o Cabo das Tormentas se dobre
Na busca de novos sonhos e miragens

Naus catrinetas viajando no azul
Gajeiros vasculhando o risco do mar
Buscando Áfricas, Brasis, Orientes
Partiram , para o norte e para o sul
Com nenhuma certeza de poder voltar
Navegaram buscando novas gentes.

Mas pouco a pouco foram chegando
Poucos, quase nenhuns, mas chegaram
Carregando a fé e o império nos ombros
Que por especiarias foram trocando
Com as naus carregadas regressaram
A contar muitas histórias de assombros.

E voltaram a ir de novo, e regressaram
Agora na miragem da terra prometida
A alma carregada de toda a esperança
E voltaram a ir de novo, e lá ficaram
Lançaram padrões, ancoras de vida
Espalharam por lá a lusitana herança.

Velhos colonos, lutando no denso calor
Criando o nosso império dito colonial
Plantando e colhendo a dádiva do chão
Construindo as nossas raízes com amor
Inventando um país genuinamente real
Onde viver, fosse mais que uma ilusão

Eram muito orgulhosos os nossos pais
Sonharam o sonho julgado impossível
Mas no fim, o país sonhado estava lá
Sofreram por entre matas e canaviais
Erguendo a pulso, o nosso país incrível
Traves aqui, carris ali, fábricas acolá

O vento da história correu ao avesso
Caíu o império que julgavam infindo
Meteram-se nas naus e regressaram
Deixando atrás um nevoeiro espesso
Podia ter sido um sonho muito lindo
Já sonhado nas barcas que arribaram.

GED

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