domingo, 13 de janeiro de 2008

CIO DA TERRA

Toda a noite

Escorreu chuva pelas paredes do céu

Ainda há lágrimas na vidraça

Lá fora

Levanta-se um vapor denso

Cio da terra

Rios tropeçando nas margens

Navegando lamas e canaviais

Pressa de chegar

Anúncio de tempo novo

Preparos de lavrar e semear

Abundâncias adiadas

Agora é hora de filhos novos e borboletas

De pastores comboiando gados

Circuncisões e puberdades

Agora, mesmo agora

Mulheres jovens da casa do meio

Silêncios cúmplices na noite

Fogueiras de aquecer e conversar

Agora

Tempo de kissangua e hidromel

Batuques ritmando vidas

Entrelaçam-se olhares límpidos

Segredam-se juras e alembamentos

Sacrifício do mais sagrado animal

Hora de deuses e kiandas

Agora

É tempo de respirar


GED


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