quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

REGRESSO

De novo o chão que me pariu
Pulsando debaixo dos meus pés
Uma vida e um mar de tempo
Latejando a mesma dor
Muitas vidas depois
A noite incendiando-se
Em Cruzeiros há muito conhecidos
Faúlhas na noite de breu
Apontando os rumos do sul
Silêncios enormes e espessos
Nas anharas até ao horizonte
Cada passo enterrando-se
Violentamente no solo
Vontades interiores de criar raízes
O olhar brilhando
Os tons de dias felizes
Alma lisa, preguiçando mansamente
Na sombra de mulembas e imbondeiros
Fundo-me nos basaltos negros
Que dançam lentamente na paisagem
E olho em redor
Cacimbos arrepiando a pele
Pastores comandando gado
Mulheres batucando andares
Meninos tecendo teias de futuros
Fogueiras nocturnas
Queimando histórias antigas
Um bouquet de flores
Nas águas cintilantes do meu rio
Flutuaram até ao horizonte
Navegando promessas cumpridas.
Tantas vidas depois
Retornei a este chão
Que reconhece cada passo meu
Seguro, renegando solidões
Terra minha, finalmente em paz
Voltarei sempre
Até um dia...

GED


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